sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Cinema do CESPuc


terça-feira, 26 de agosto de 2008

Marquês de Sade




A posteridade nunca foi muito justa com Sade, tantas vezes considerado apenas com um pornógrafo, apesar de todos os seus esforços como livre-pensador. Segundo Lacan, ele teve a eminente função de retificar a posição da ética, abrindo caminho para o discurso vindouro da ciência positiva. Este teria sido o exemplo iniciático do tocador sadeano, comparável à Academia, ao Liceu, ou à Stoa da Antigüidade. Por esse viés, A filosofia na alcova, um dos textos capitais do Divino Marquês, parece – avant la lettre – dialogar telepaticamente com a Crítica da razão prática, de Kant.

Ali, o fundamento da prática da razão pura assim era enunciado: age de tal maneira que a máxima de tua vontade possa valer sempre como princípio de uma legislação universal.

Todavia, no seu peculiar estilo, Sade afirmava: tenho o direito de gozar de teu corpo, e hei de exercê-lo sem que limite nenhum me detenha no capricho das exigências que me dê vontade de saciar nele. Por esta regra, pretende-se a submissão da vontade de todos, desde que uma sociedade a torne efetiva, pelo seu caráter obrigatório.

O imperativo categórico, presente nos sistemas que se desprendem dos livros de ambos pensadores, acaba por posicioná-los como debatedores de uma mesma questão: a redução da lei à norma, isto é, a defasagem entre a lei moral e a moral social.

Debochado, porém sério, Sade propunha, de modo kantiano, uma relação entre a moral uniforme do homem natural e os desideratos da Revolução Francesa: para ser verdadeiramente republicano, o cidadão devia ser ateu até às últimas conseqüências.

Nas suas argumentações, o ateísmo racional era apresentado, em primeiro lugar, como herdeiro das crenças monoteístas, das quais manteria a economia unitária da alma, junto com a propriedade e identidade de um eu responsável; em segundo, poderia ser promovido à alçada de uma religião; por último, e como corolário, a razão, no espírito revolucionário, seria convertida em um deus.

Por estas e outras, pode ser sintetizada numa única imagem uma miríade de palavras: no final do filme Contos proibidos do Marquês de Sade, quando um padre aproxima um crucifixo do personagem principal, que não é outro senão o próprio libertino, agora agonizante, é perfeitamente coerente que este o engula, evidenciando, naquele gesto, seu verdadeiro desejo, impenitente e blasfemo.

Os sofismas e anátemas reunidos no presente volume, escritos há séculos, conservam hoje a virulência de então, comprovando como o futuro de uma ilusão continua sendo chamado de religião. Pois, para todos os efeitos, se Deus existisse, com certeza seria bastante sádico...

quarta-feira, 23 de julho de 2008

MONDO CANE

Não gosto tanto de cachorros, ou até posso gostar, mas não curto. Prefiro vê-los em fotos ou filmes, bem de longe. Em perspectiva, eles são muito bonitos, todas as raças e marcas. Fiquem por aí.

No entanto, um dos problemas que os cães oferecem aos humanos, seus donos e os vizinhos destes, é a maximização de saco à distância, quando começam a latir sem parar. Não se precisa conhecer o animal para fazer parte dos seus decibéis, porque ele também, sem precisar nos conhecer, nos faz participantes do seu mundo, atrapalhando o nosso. E quem não vê cão, mas tem coração, tem suas palpitações alteradas pelos latidos. Um ladrão, um gato, uma cachorra quente, um desafio entre repentistas caninos, um brain storming no canil, o leilão público de algum osso cobiçado, uma discussão acalorada sobre a demarcação dos territórios, sempre problemática como decorrência do método do mijo sobre mijo? Bom, às vezes é histeria, mas também pode ser alegria.

Aqui faço um reconhecimento a um item de excelência que eles têm, superando até os gatos no quesito. Para manifestar, de maneira contagiante, o contentamento, a euforia e a camaradagem, não tem rivais. Nesses momentos, o barulho pode incomodar, mas quem está por perto não fica indiferente. Ainda mais, quando vem acompanhado de linguagem gestual: o abanamento maníaco do rabo.

Num comentário guardado para a posteridade por quem ouviu, Gurdgieff teria dito, olhando como um cachorro defecava, deixando seu corpo ondular para se aliviar e se liberar, que se ele conseguisse ensinar apenas isso aos seus discípulos, ficaria satisfeito por ter cumprido com sua função de mestre. Outro guru, que hoje responde pela logo-marca Osho, mas que alguma vez foi Rajneesh, dizia que a sua missão era transformar todo mundo, especialmente os americanos, em italianos, porque só estes últimos sabem viver.

No entanto, enquanto Fido goza cocozando, seus dejetos são cosa nostra. Não tem nada mais humano que o côcô de cachorro, nos espaços comuns a ambos.

Pelo contrato implícito de convivência doméstica, as necessidades biológicas de uma espécie viram necessidades da outra, diferentes, mas igualmente urgentes. (Os donos ou as donas poderiam estar com o intestino preso durante semanas; mesmo assim, cada dia, e mais de uma vez por dia, vão ter de levar a mascote para resolver sua digestão, e não a deles, à vista de todos, deixando um duvidoso presente urbano que, no final das contas, será de sua total responsabilidade cidadã.)

As calçadas foram feitas para os pedestres, e quem tem quatro pés, ou patas, teria mais direitos? Não só pelas deposições; no final das contas, todo ser vivo tem direito a descomer. (Vivendo no mato, com ou sem dono, a questão seria a mesma, sem ser um problema.) Entretanto, a recíproca pode não ser verdadeira. O hominídeo precisa resolver o que fazer e como evitar as fezes caninas, ainda que as suas e as próprias possam não ser repugnantes para aqueles.

Talvez não exista a amizade 100% pura, sem um pouco de ambivalência. Os melhores amigos não são amigos de todos, e os inimigos dos nossos inimigos podem nos fazem companhia, mas tampouco são mui amigos. Muitos gostam dos bons companheiros, ainda que, de vez em quando, levem uma mordida. O outro espécime, tão parecido, mas tão diferente de nós, é amado e adiado intermitentemente por muitos, detestado por alguns, e suportado por tantos outros. Com certeza, as suas virtudes superam os seus defeitos. Milênios de boa parceria não podem ser desmentidos; porém, será que hoje é como sempre foi, ou alguma coisa está mudando. É provável que já tenha mudado, sem que se possa saber, por enquanto, se para melhor ou para pior.

Não só a quantidade muda à qualidade: a qualidade também modifica a quantidade. Daí que algumas amizades podem ser bastante desequilibradas. Isto, entre as pessoas. O que dizer, entre espécies? Este é um bom momento para pensar as heranças do século XX, para conjecturar as tendências do XXI. Assim caminha a humanidade, mas para onde vai a matilha? Qual é o lugar do canis-is na LCdCdTCTdHMLdSEdCG ? (*) (**)


(Continua)

(*) Lógica cultural de consumo do turbo-capitalismo tardio da hiper-modernidade líquida da sociedade do espetáculo da civilização globalizada.

(**) Pufa! Não tem um apelido mais breve para o terceiro milheiro?

domingo, 13 de julho de 2008

Contra a depressão & os antidepressivos fajutos, abuse da vida com moderação.

sexta-feira, 27 de junho de 2008

DOPING - EM INGLÊS E EM CHINÊS

Era uma vez um monte, que não era o de Vênus, embora ela estivesse ali, chamada de Afrodite. No Olímpo, os deuses conviviam, e de lá desciam para interagir com os mortais que, enquanto isso, morriam e se matavam em cruentas guerras.

Alguma vez, quando a paz chegou, foi acreditado que a sensatez a acompanhava. A luta e a morte das batalhas foram substituídas pela vitória nas competições, e a agressividade foi sublimada nas Olimpíadas, assim batizadas na lembrança de uma planície, onde o primeiro corredor de longa distância deu a sua vida em prol do seu povo. Hoje, os atletas dão tudo de si em favor das nações que representam. Sem esquecer os motivos individuais dos que disputam, e os interesses dos sponsors.

Esporte é cultura? É óbvio que sim, a começar pela celebração da convivência dos diferentes. E a isto, acrescenta-se o orgulho de estar ali, como exemplo admirável, para iguais e outros, da superação pessoal e da saúde da espécie, nos seus melhores espécimes. E ainda por cima, um belo espetáculo, ao vivo ou na tela. Recordes e medalhas, honrarias, ufanismos, torcidas: vale tudo, na lisura.

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Muito se passou desde a Grécia mitológica, das Olimpíadas filmadas por Leni Riefensthal, e de um dos últimos sucessos de Spielberg. Antes, era no peito e na raça. Arianos, judeus, latinos, eslavos e caucasianos, todas as etnias jogavam limpo, quando o mais importante não só era competir, senão estar competindo sem se matarem mutuamente, e que ganhasse o mais melhor.

Faz tempo que não é mais assim, pois hoje não é bem assim...
Esporte não é droga – PRATIQUE!

Em décadas recentes, adesivos com este dizer circulavam pela cidade, e daria para supor que os motoristas daqueles carros ou eram esportistas, ou contrários às drogas. Provavelmente, as duas possibilidades, num discurso salvacionista e politicamente correto, mais uma ordem do que um apelo à livre escolha.

Na lógica cultural do consumo no turbo-capitalismo tardio da hiper-modernidade líquida da sociedade do espetáculo da civilização globalizada inexistem os esportes sem as drogas, porque no século XXI, a droga faz parte do esporte.

Mas não é de agora que existe o controle antidoping, junto com o próprio termo, originário da língua inglesa, mas internacionalizado. E em cada nova prova, deve ser atualizado, porque todos os dias tem algo novo. Tudo o que já se conhece consta nas listas de substâncias proibidas a priori, e as novidades, só depois, quando detectadas.

Se nada for provado nos testes, é porque não há nada mesmo, ou porque não foi comprovado nada? Como saber se o último recorde quebrado foi por mérito e esforço do atleta, ou porque o laboratório não foi capaz de flagrar o barato? Da fama á infâmia pode ser apenas um passo para um herói com os pés de barro. Porém, se o capacho não percebe, está limpo.

O conhecimento humano não parece ter limites, a ciência avança e a tecnologia torna acessível o impossível. O rendimento agora é supra-humano, pós-humano. Tanto as substâncias suspeitas, por baixo do pano, quanto os seus reagentes, no extremo cuidado para que a lei não seja burlada, tudo na maior eficácia.

Então, o roteiro muda de O triunfo da vontade e Munique para Agarra-me se puder. Todavia, é o caso de pensar por um instante qual seria a lei em jogo. Aquela transgredida, a norma do Comitê Olímpico, declaradamente careta, é o de menos. Com maior destaque, no primeiro plano aparece aqui outra lei, a de Gerson, notório futebolista brasileiro e legislador em proveito próprio, cujo nome batiza a ética narcisista que o tornou inesquecível. Tantos são os seus adeptos, porque no íntimo todos querem o mesmo: ter vantagem e serem avantajados.
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PARTE DOIS
Como de praxe na sua época, Maquiavel era mais sedentário do que halterofilista ou aeróbico. Pragmático, legitimava os meios em função dos fins, sempre louváveis, num álibi perfeito. Fez escola.
A glória pode ser uma coroa de louros, ou um curriculum vitae anabolizado. A Folha de S. Paulo noticiou, em 11/4/08, os resultados de uma enquete com 1400 cientistas realizada na Internet pela revista britânica Nature, que defende a pesquisa de drogas com propósito específico de melhorar o desempenho acadêmico. A mais popular entre os professores americanos parece ser a Ritalina (que nada tem a ver com o lança-perfume), pontificada pela produtividade, aparentemente sem efeitos colaterais (ou desconhecidos, por enquanto). Publish or perish! é o mandato superegóico das universidades ianques. Isto explicaria não só a proliferação dos papers, como também o desmatamento, pelo alto consumo institucional de celulose.

Vale a pena citar a manchete e os destaques:

CIENTISTA USA DROGAS PARA “TURBINAR” DESEMPENHO
Enquete indica que 20% dos pesquisadores fazem uso “instrumental” de remédios
O fármaco mais popular no meio acadêmico, receitado contra o déficit de atenção, é a substância usada para melhorar a concentração.

Sich sprachen Ritatustra:

Bem vindo a Sodoma & Gomorra
Aqui jazz sua bela cidade
Você é prisioneiro na masmorra
dos avatares da mediocridade

Não, não há quem lhe socorra
O mau gosto assola a humanidade
Não corra, não mate, não morra no trajeto
Ligue já
Disk-Zorra direto

O que é essa porra?
Essa é a marca da Zorra!

Conclusão:

Droga é cultura? Esta pergunta se responde desde a antropologia: não há uma sem a outra, vice & versa.

ENQUANTO HOUVER AMAZÔNIA, HAVERÁ GUARANÁ

segunda-feira, 9 de junho de 2008

NUS - EXPOSIÇÃO COLETIVA

A dança da vida - Marilisa Rathasam


Sem título - Mabsa

Nu feminino em pé - Eliseu Visconti


A Janela - Antonio Peticov

Olga Del Volga - Oscar Cesarotto


De 10 a 28 de junho de 2008

Jô Slaviero & Guedes - Galeria de Arte
Alameda Gabriel Monteiro da Silva, 2074
Jardim Paulistano - São Paulo
Fone: (11) 3061-9856

terça-feira, 3 de junho de 2008

SEDIÇÕES: VIDE BULA

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